Júlia na Europa: o retorno
Há praticamente 3 anos e dois meses estava embarcando na experiência mais gratificante da minha vida, estava partindo para o intercâmbio de Portugal. Este blog, inclusive, fez e ainda faz parte daquela jornada maravilhosa que vivi. Aqui, contei as histórias da universidade, das diferenças culturais, sociais e as que mais me foram agradáveis: as diversidades linguísticas. Nessas, se incluem o café da manhã ser chamado de pequeno almoço, a bunda que chama-se rabo abertamente, enfim, frutos de grandes risadas com certeza.
É preciso escrever. Sinto que o que tenho dentro de mim deve ser posto para fora, deve ser expressado, revelado. Estou de volta, eis o porquê do título "o retorno". Isto é obvio, mas em que circunstâncias? Turismo? Estudo? Onde? O que? Quando? Por quê?
O que eu quero é dividir com alguém as angústias de uma nova fase da minha vida. Há pouco tempo um tick foi marcado na tarefa da "to do list" que precisava ser feita: graduada em Letras - done. Próximo passo: concluir mais uma tarefa da lista, providenciar a cidadania italiana que ficou pra trás.
Devido às mudanças que ocorreram na minha vida nos últimos três meses, precisei buscar uma maneira de fazer a prática da cidadania sem gastar muito. Eis que me veio a oportunidade de ser uma au pair. Eu nunca tinha ouvido falar deste programa até então, mas quando comecei a procurar, pensei: perfeito, vou ser au pair!
Como disse, ser au pair se deu por acaso. Descobri o programa através de uma prima que me contou como poderia ser uma alternativa para não gastar tanto para morar aqui. Vim para a Itália com um objetivo muito claro: obter a cidadania ius sanguinis, que consiste no processo de reconhecimento para aqueles que são descendentes de italianos. Conversei com muitas famílias e acabei vindo parar em Bressanone - Brixen, região de Trentino Alto-Adige. Aqui, devo levar um menino de dois anos à creche, buscá-lo ao meio da tarde e brincar com ele até que seus pais cheguem do trabalho.
Um balanço dos primeiros quinze dias
Esta experiência está realmente me tirando da zona de conforto. Primeiramente porque, apesar de gostar muito de crianças, nunca cuidei de uma, nem das crianças da família. Este foi o primeiro desafio que encontrei. Preciso aprender a cativa-lo, a entendê-lo (porque fala pouco), a trocá-lo, a brincar com ele e toda essa rotina de uma criança.
Depois vem a família. É difícil vir morar e conviver com pessoas que já possuem uma rotina, uma cultura, um modo de vida, crenças que provavelmente diferem das suas. Você tem que se adaptar, tentar fazer uma "bella figura", como se diz aqui, e ao mesmo tempo manter seus princípios e a sua personalidade.
E o frio. Desde que cheguei têm sempre feito frio e, apesar de não estarmos no inverno (quando é pior), estou tendo um processo de adaptação com o clima. Não tenho muita vontade de fazer esporte e não tenho roupas apropriadas para enfrentar as baixas temperaturas. Aqui as pessoas são muito elegantes e possuem um senso de moda muito grande, por isso às vezes fico com medo de usar roupas consideradas desajeitadas.
Tem também os amigos e a família. Estar tentando fazer um processo complicado e burocrático como esse sem ter o domínio fluente da língua, estar em um local novo e estranho e estar longe das pessoas que você ama é difícil. Além disso, é necessário começar novos círculos sociais para fazer amigos e sentir-se mais em casa.
Enfim, tentando fazer a cidadania ganhei de brinde um "gap year". Muito além do que eu pensava, ser au pair te exige muito, te faz refletir sobre a maternidade e sobre a sua própria capacidade.
Escrevo novamente em breve.
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